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Mangal das Garças une acolhimento de animais com deficiência à educação ambiental

Espécies chegam até o local animais vítimas de acidentes, maus-tratos ou tráfico, principalmente aves, que sofreram, a partir desses episódios, algum tipo de limitação física e não tiveram condições de retornar à natureza

A constante busca pelo bem-estar dos animais, com recintos adequados, que se aproximam do habitat natural e priorizam a saúde plena que envolve os núcleos fauna, flora e homem é o que faz do Parque Zoobotânico Mangal das Garças um dos mais reconhecidos pelo trabalho que desenvolve. Atualmente, a equipe técnica aperfeiçoa um novo projeto cujo objetivo é unir o acolhimento de espécies com deficiência à educação ambiental.

Nos últimos anos, o Mangal das Garças acolheu diversos animais acidentados, vítimas de maus-tratos ou tráfico, principalmente aves, que sofreram, a partir desses episódios, algum tipo de limitação física e não tiveram condições de retornar à natureza. A maioria dos animais chegam ao Mangal por meio do Batalhão da Polícia Ambiental (BPA) ou pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Após a chegada eles realizam exames físicos e clínicos, recebem os devidos cuidados e em seguida seguem para quarentena, reabilitação e destinação.

Além garantir acolhimento e suporte veterinário integral, o Parque desenvolve um projeto que está em fase de aperfeiçoamento, no qual esses animais compõem momentos de educação ambiental para os visitantes. A ideia é apresentá-los ao público durante um passeio pelo Parque e, além de explicar as características do espécime, contar um pouco da história dos animais, como eles chegaram ao local, porque não podem voltar ao seu habitat natural, bem como destacar a importância dos cuidados que o ser humano pode tomar para que acidentes com animais possam ser evitados.

Recentemente, uma coruja-do-mato chegou ao Parque com uma das asas amputadas, após um acidente. “Uma pessoa utilizava uma motosserra para cortar uma árvore e, por desatenção, acabou atingindo o ninho no qual a coruja estava. Ela foi a única sobrevivente dentre os filhotes”, conta Camilo González, médico veterinário do Mangal das Garças e idealizador do projeto de educação ambiental com animais deficientes.

A coruja-do-mato recebeu atendimento especializado pela qualificada equipe técnica do Mangal e foi carinhosamente batizada como Arya. O espécime se recuperou bem e já está sendo preparada para passeios guiados no Parque. Ayra é a mais nova das 3 corujas que vivem no Mangal por ter algum tipo de deficiência. A primeira a chegar foi Olívia (Pulsatrix perspicillata), que apresentou dificuldades para se equilibrar nos poleiros, devido à deformação em uma das patas, causada por uma queda do ninho. Em seguida chegou a Cecília (Murucututu), que perdeu a asa após um acidente com a rede elétrica e não pode mais voar.

Camilo González relata que o parque também possui um periquito com uma das patas amputadas, o que causa uma reação de surpresa nas pessoas. “Essa surpresa que os visitantes costumam ter em relação a presença de animais como ele um em espaço de visitação pública, mostra que ainda precisamos refletir mais sobre a responsabilidade humana com os animais. Não é porque apresentam diferenças que são infelizes ou precisam ser sacrificados. Hoje faz-se de tudo para recuperá-los e readaptá-los”, declara o veterinário.

Segundo o biólogo Basílio Guerreiro “grande parte dos zoológicos, mantenedores e criadouros não aceitam animais que tenham algum tipo de deficiência, ou falta de membro, ou que não tenha mais aptidão para voar. O Mangal das Garças inova com esse projeto, além de dar uma chance de vida nova para esses animais”, conta.

Dentro do projeto é possível saber mais sobre esses animais de terça a domingo, quando o Parque está aberto. A coruja Olívia faz passeios de terça a domingo, sempre às 17h; Ayra, por sua vez, pode ser vista de terça a sábado, às 9h da manhã, ambas realizam o passeio acompanhada de um técnico que conta curiosidades sobre as espécies.  

Para quem quiser conhecer a coruja Cecília, basta ir até o entorno do lago do Mangal, onde ela vive em uma casinha adaptada. “Só pedimos atenção do público quanto ao fato da Cecília ser uma ave noturna, por isso muitas vezes ela está dormindo e deve-se evitar acordá-la com ruídos ou palmas”, frisa Guerreiro.

Outras diversas aves amazônicas e exóticas também podem ser conhecidas pelo público dentro do Viveiro das Aningas, que agora conta com uma apresentação destas espécies todos os dias, às 16h30.

O veterinário acredita que essa aproximação estimula a empatia dos seres humanos e que conhecer a trajetória destes animais reverbera numa conscientização efetiva de uma parte da população. “Algumas pessoas saem com uma visão desmistificada de várias espécies. Vemos uma resposta muito positiva de todos, principalmente das crianças que passam a ter mais cuidado com as linhas de pipa, uso de estilingues, por exemplo, finaliza González.

Programação diária no Mangal das Garças:

– Alimentação das Iguanas no caminho para o farol – 8h30

– Alimentação das Tartarugas e peixes no lago – 9h00

– Passeio com a coruja Arya: de terça a sábado, às 9h00

– Alimentação das garças no Recanto da Curva: 11h, 15h, 17h30.

– Soltura das borboletas no Borboletário: 10h e 16h (monitorado)

– Apresentação das aves do Viveiro das Aningas – 16h30

– Passeio da coruja Olívia – 17h

SERVIÇO

Mangal das Garças – Aberto ao público de terça a domingo, de 8h às 18h (fecha às segundas para manutenção). Para acesso e permanência é obrigatório o uso de máscara.

Entrada gratuita, com algumas atrações monitoradas no valor de R$5 reais cada ou R$15,00 todas, sendo essas: Viveiro das Aningas, Museu Amazônico da Navegação, Farol e a reserva José Márcio Ayres (borboletário).

Texto: Beatriz Santos e Gabriel Nascimento

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