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Aves do Mangal das Garças recebem alimentos gelados para amenizar o calor

A iniciativa faz parte do projeto de enriquecimento ambiental, voltado ao bem-estar físico e emocional dos animais

Foto: Beatriz Santos

Com a chegada da estiagem e do calor intenso, um picolé de frutas pode ser uma boa opção para amenizar o desconforto. As aves do Parque Zoobotânico Mangal das Garças, em Belém, aprovaram a sobremesa inusitada. Feitos com água e um mix de frutas, o alimento foi oferecido às aves do Parque na última quarta-feira (22), como parte do projeto de enriquecimento ambiental que introduz objetos e alimentos para proporcionar maior bem-estar aos animais.

As aves receberam, pela primeira vez, alimentos gelados. As araras e papagaios se refrescaram com picolés à base de banana, milho, maçã e água, enquanto os tucanos ganharam ovos gelados com casca. As aves gostaram da novidade, mas algumas precisaram de um tempo para a adaptação à temperatura do picolé.Profissional do Parque oferece a novidade às aves.

“Quando elas não se adaptam ao enriquecimento oferecido estudamos outras formas de estímulo, colocando alimentos que não fazem parte da dieta de rotina delas, como a castanha, que causa um estímulo de sabor, de curiosidade em querer quebrar a castanha para retirar o que tem dentro. Isso tudo faz muito bem para o animal”, conta Basílio Guerreiro, biólogo do Mangal.

Interação – O Mangal das Garças já é referência em projetos que buscam tornar o Parque o mais próximo possível do habitat natural das espécies. Uma das iniciativas é o enriquecimento ambiental, que leva o animal a interagir e ter experiências sensoriais que ajudam a controlar o estresse e dar vazão às habilidades naturais.

Há dois anos, o projeto utiliza estratégias de adaptação para lidar melhor com o estresse dos animais. Geralmente, são relacionadas à cognição, por meio da introdução de vários objetos, como papelão, cortiças e pedaços de miriti para fomentar o processo de aprendizagem e o desgaste do bico. 

“Essas atividades são de extrema importância, uma vez que quando o animal não tem esse tipo de distração, principalmente a ave, começa a fazer a automutilação, a arrancar as penas e as garras, e a ferir outras partes do corpo”, explica o biólogo.

Papagaio roendo castanha-do-pará: desgaste do bico e alívio do estresse
Foto: Beatriz Santos/Ascom OS Pará 2000

Reabilitação – Sobre o bem-estar psicológico, Basílio Guerreiro garante que as atividades influenciam diretamente no aspecto emocional dos animais. “Apesar de o Mangal ser um ambiente muito tranquilo, muitos destes animais vieram de um histórico de abuso, no qual seriam traficados ou estavam recebendo maus-tratos, chegando aqui já com algum trauma. Além disso, existe o trauma que têm naturalmente devido à separação da família com a qual viviam. Quando ocorre esse rompimento familiar, o animal sofre, e deixa de se alimentar da forma correta. A reabilitação não é somente da parte física, mas também emocional, na qual buscamos oferecer conforto, bem-estar e tudo o que eles precisam para voltar a viver bem”, informa.

Foto: Beatriz Santos/Ascom OS Pará 2000

As atividades do projeto de enriquecimento ambiental ocorrem frequentemente no Mangal, e são modificadas conforme o grau de estresse e adaptação dos animais. “Não se trata de simplesmente oferecer o enriquecimento ambiental. O animal precisa ser observado, para que possamos verificar se ele vai interagir com aquele objeto novo,  principalmente em se tratando das aves, que geralmente são neofóbicas (aversão ao novo). Tudo precisa ser muito cauteloso, bem pensado, baseado em pesquisas, pois tem aves que aceitam, e outras, não”, acrescenta o biólogo.

Texto: Beatriz Santos – Ascom/ OS Pará 2000

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